Wednesday, March 01, 2006

Porque não a Solidão

Wednesday, February 15, 2006

Mors Animae

Mors animae

A Álvaro de Campos



Minha alma nasceu transbordando de gáudio.

Inocente, pura, até límpida de ódio
Feliz, quase alegre e pouco doente

Cresceu , andou derramando felicidade,
Como um vaso tombando quase sem magia
Quando tudo era límpido e solto
Quanto era belo e quase e perfeito

Mas minha alma cresceu, continuou crescendo
Vivendo inocentemente quase sem pensar
Sem questionar sem sequer reflectir

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mas cresceu comigo um alma já doente
transbordando de ódio e falsidade
iludindo suas aléas já perdidas
na folhagem da eterna Decadência.
Tomando ópio quase sem cessar...

Cresceu e cresceu sem parar ,
Já não a alma , mas a dor
De ter uma alma doente e duende.
Uma alma sem melodia nem som
Sem acordes e com notas sombrias...

Apetece-me deitar minha alma ao mar
Quero arrancá-la, talvez a aniquilar e deixa-la entre as ondas.
Quero tirar este ódio de mim mesmo
E a angustia de existir morrendo...

Que morra eu e a alma .

Ai esta alma quase podre, perdida no caos da vida...

Sai, tirem-me esta alma ...
Foge de mim, que me odeio

Tuesday, October 19, 2004

hoje

hoje,
também eu existo sem pensar que existo.

está a chover e lá fora a água vibra na imensidão do tempo.
está a chover no teu peito e teus passos vibram na história das estórias.
teus seios molhados exaltam alegria,
estás molhada como se estivesses nua
estás triste como se estivesses para morrer.

é triste este dia por eu existir;
não sei se mereço esta vida este estado melancólico de existir.
é triste este dia por pensar na chuva.
e alegre este dia porque todos parecemos morrer

menos ela que salta de alegria quando chove
descalça corre a calçada da velha vila,

somos todos seres inumanos menos ela.

ela é demasiado humana